segunda-feira, 6 de outubro de 2008

As artes no 1º ciclo


Este documento gentilmente cedido pelo Professor Domingos Morais, aborda a temática das artes no 1º ciclo e qual o seu papel.

Gostariamos que este documento fosse o mote para darem a vossa opinião.
Mote, Ponto de Partida: O Papel das artes no 1º ciclo

Câmara Municipal de Cascais

Divisão de Intervenção Educativa e Acção Social Escolar

Actividades de Enriquecimento Curricular

Área das Expressões Artísticas Integradas

- Documento Orientador -


Realizado por:
Ana Patrícia Gago – (Técnica Superior Dase)
Luísa Reis – (Estagiária Profissional IEFP)


Junho 2007


NOTA PRÉVIA

As Actividades de Enriquecimento Curricular, como actividades/projectos que se constituem em horário extra curricular e que pretendem contribuir para o desenvolvimento integral do aluno, consolidando aprendizagens e abrindo caminhos a novos saberes, foram implementadas no Concelho de Cascais no ano lectivo 2006/07.
A Câmara de Cascais, enquanto entidade promotora das A.E.C. nas escolas do 1º ciclo do Concelho, incluiu a área das Expressões na sua oferta de actividades, com especial enfoque na expressão plástica.

Face ao actual enquadramento e com o objectivo de contribuir para que seja dada uma resposta o mais possível eficaz e razoável, tem sido feita uma avaliação contínua das A.E.C em cada escola, num processo de parceria entre as entidades envolvidas.
Desta avaliação apurou-se a necessidade de rever os moldes em que as actividades decorrem, nomeadamente no campo dos horários e compartimentação de actividades ou sua sequência.

Esta necessidade prende-se não só com o próprio bem-estar das crianças, como, nalguns casos, com as características dos espaços físicos e com os recursos humanos existentes.
Um exemplo é a escassez de professores/monitores que, tendo formação musical adequada, tenham experiência pedagógica para uma intervenção segura e sólida em turmas de 25 alunos. Como se sabe, foram inúmeras as desistências ao longo do ano, pondo em causa um trabalho continuado e integrado.

Em contrapartida, nas equipas da maioria das entidades parceiras existem elementos tecnicamente preparados e com larga experiência no domínio da expressão e educação musical e do movimento e drama, sobretudo para os dois primeiros anos de escolaridade, capazes de garantir a qualidade que estes domínios exigem, e igualmente capazes de assegurar a sua integração não só com os restantes domínios, mas também com a componente curricular.
São em muitos casos técnicos que, pelas suas experiências anteriores, nos espaços de ATL ou espaços lúdicos, desenvolveram competências mais vastas do que as que se referem exclusivamente à expressão plástica e que, no cenário actual, não vêem potenciados todos os seus domínios possíveis de intervenção. As próprias actividades, que poderiam estar mais integradas, sofrem naturalmente alguma fragmentação.

Para uma gestão realista dos recursos humanos, mas também:
Pela necessidade de melhor enquadrar esta oferta, tornando-a mais próxima dos interesses da criança;
Pela importância de activar, nestas idades, a criatividade, existente potencialmente em todo o indivíduo e de tal ser uma das funções da educação;
Pela importância da escola como veículo de apropriação de bases culturais e de valores que constituem a nossa sociedade nestas idades de primeiros esboços de uma autonomia intelectual;
Pela importância de proporcionar actividades diversificadas conducentes a um objectivo comum, pondo em marcha uma série de procedimentos intelectuais que levem a uma autonomia e que estejam ao serviço de diferentes conteúdos disciplinares, evitando uma simples justaposição de actividades;

E porque a educação assume-se como um processo global,

Considerou-se pertinente a elaboração de um documento orientador da actividade dos técnicos que, nas escolas do 1º ciclo, levam a bom porto estas actividades, na área das Expressões Artísticas, à qual se estende o papel globalizador reconhecido ao ensino básico.

Pertinente por um lado pelas conexões evidentes entre os domínios da dramatização e dança, e, por sua vez, entre esta e música, por exemplo, possibilitando que sejam trabalhadas de forma integrada por um mesmo monitor.

Por outro, pelo esforço suplementar que tem representado para todos os envolvidos neste processo o não desvirtuar a aprendizagem do seu carácter global, na sequencia da separação entre disciplinas, destinando a manhã às de carácter tradicionalmente didáctico, remetendo para a tarde as actividades expressivas de carácter tradicionalmente mais lúdico.

Este documento surge assim enquadrado não só pela fundamentação indiscutível da importância da Educação Artística através das Expressões, pelo próprio Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais, pelo novo conceito Escola a Tempo Inteiro, mas também pela perspectiva de conferir às Expressões Artísticas um carácter integrado.


Nele se relembram e reafirmam pressupostos que consideramos importantes salvaguardar, quer na perspectiva de um verdadeiro trabalho de equipa, pluridisciplinar, quer na da prática pedagógica propriamente dita que encontra na criança a sua razão de existir.

Com ele esperamos promover alguma reflexão, com a preocupação de não ignorar as competências essenciais elencadas no Currículo Nacional, mas procurando respostas que se adeqúem ao tempo e espaço em que estas actividades irão decorrer, e à sua especificidade.

Para tal, apresentamos orientações pedagógicas genéricas, a serem exploradas, desenvolvidas e transformadas em actividades e propostas concretas por todos os professores/monitores que, no terreno e com os seus alunos, terão a cargo a concepção de um projecto no(s) domínio(s) que forem desenvolver.

EXPRESSÕES ARTÍSTICAS INTEGRADAS


INTRODUÇÃO - Sobre a Arte e o papel da Escola



A Ciência não se identifica com a Razão, nem a Arte com Prazer; contudo não existe ciência sem prazer, nem arte sem razão.
Jean-Pierre Changeux

Vivemos um tempo histórico em que se buscam grandes sínteses, em que os valores universais, e muito particularmente os valores europeus se reformulam em busca da harmonização de novas identidades. Na Educação há cada vez mais numerosas orientações comunitárias que visam objectivos comuns e que obrigam a reflexões aprofundadas, a reformas mais ou menos estruturais, a uma abertura para a mudança permanente que implica inovação ajustada ao ritmo vertiginoso dum quotidiano sempre diferente.
Falar da importância primordial da Arte na formação integral do Homem ou na importância das actividades expressivo-artísticas no desenvolvimento harmonioso da pessoa é, hoje, algo tão recorrente que se corre o risco de remeter estas afirmações à categoria de lugares-comuns.
Na realidade, e dado de facto o papel inquestionavelmente importante que Arte e Actividades de Expressão desempenham nos primeiros anos de escolaridade, importa rever e revitalizar estes conceitos, de forma sucinta, através de algumas considerações que aqui partilhamos.
A educação estética, dos sentidos, associada à construção do saber, ao longo dos tempos tem sido alvo da atenção de pedagogos, psicólogos e mais recentemente da neurociência – A comunicação apresentada por António Damásio, em Lisboa, no âmbito da Conferência da Unesco sobre a importância do papel da Arte na Educação (Lisboa-2006), é disto um bom exemplo.
Ao longo da História são muitos os exemplos que comprovam a indissociabilidade dos afectos à maturação psicológica e intelectual, da cultura e da estética à criatividade, da experimentação e ousadia ao desenvolvimento.
A maturação da História andou pelos caminhos da cultura e da arte, da guerra e da paz, da filosofia e da tecnologia, mas em todas as circunstâncias sempre o seu sustento foi a criatividade, a experimentação e a ousadia. E sempre este foi o caminho da evolução e do desenvolvimento.
O domínio da arte assenta em três princípios fundamentais:
- a arte é um meio privilegiado de compreender o homem e o seu universo através de uma forma de conhecimento intuitiva;
- a arte permite a qualquer indivíduo vivenciar o prazer de reconhecer meios de expressão e comunicação que se inscrevam no seu universo e reconhecer-se neles;
- a arte está na base da existência de qualquer sociedade, desempenhando um papel não só ao nível dos rituais, mas também na vida privada dos cidadãos.

É dos sentimentos e das reacções humanas que a arte retira a sua substância, sendo a sua fonte o vivido. Permite ao indivíduo gestos relacionados com o seu pensamento, a sua originalidade, a sua capacidade de concretização, e permite-lhe também tomar consciência do poder de comunicação consigo próprio, com os outros e com o meio envolvente.
Assim, quanto mais a criação artística se compromete com as formas, com os meios que permitem a expressão pessoal, mais a arte se aproxima da sua missão altamente educativa que é a de contribuir para o desenvolvimento da personalidade.
A multiplicidade cultural e a diversidade de potencialidades existentes em cada ser humano fazem reflectir na importância de propósitos educativos que se centrem no integral desenvolvimento das potencialidades de cada criança, da construção de um saber múltiplo e activo, projectivo e construtivo, integrado (holísto/ecológico). Sem descurar o desenvolvimento de competências expressivas, criadoras e críticas.

Tomemos como ponto de partida alguns consensos:
- A qualidade da educação relaciona-se directamente com a qualidade de vida; não são poucos os países onde tem ficado demonstrado que um nível de educação de qualidade superior tem contribuído enormemente para a manutenção de um standard de vida positivo, para um crescimento de oportunidades, mantendo vivos e desejáveis os compromissos intelectuais.
- Todas as crianças têm direito a um ensino de qualidade, garantindo as bases da sua formação intelectual, física, moral e estética, do seu equilíbrio afectivo e da sua integração na vida social.
- A escola é o local onde se deve crescer plenamente. É consensual que deve ser um espaço de prazer onde se cruzam as dimensões humana e académica, o cognitivo-racional e o afectivo-criativo, em processos de partilha construtiva e integração das aprendizagens;
Como tal, deve:
­ “Proporcionar experiências de aprendizagem activas, significativas, diversificadas, integradas e socializadoras que garantam efectivamente o direito ao sucesso escolar de cada aluno” (cit. in Programas do 1º Ciclo do Ensino Básico, 1992:5);
­ Contribuir para o desenvolvimento potencial da criatividade do aluno. Sublinhem-se dois aspectos: o 1º diz respeito à necessidade que as funções motoras, cognitivas e afectivas têm de, em conjunto, operarem progressiva e pontualmente de modo sinérgico, suscitando no aluno o gosto por um empenho dinâmico no qual se exprima toda a personalidade. O 2º refere-se à necessidade de não reduzir a criatividade apenas às actividades expressivas, mas sim aproveitar todo o seu poder produtivo em prol do conhecimento que advirá dos processos de pesquisa/investigação.
­ Procurar, em colaboração com os pais/famílias, que os alunos adquiram saberes/conhecimentos, capacidades, métodos de trabalho e formas de se exprimirem contribuindo para o seu desenvolvimento global enquanto indivíduos;
­ Criar oportunidades de experimentação com as quais os alunos desenvolvam consciência, imaginação e vontade de aprender, adquirindo assim confiança nas suas possibilidades e as bases para formularem juízos independentes e assumirem atitudes pessoais;
­ Preparar os alunos para a vida activa, para a responsabilidade conjunta, para os direitos e deveres duma sociedade baseada na liberdade e na democracia.
­ Contribuir para um desenvolvimento das capacidades de comunicação e desenvolvimento do pensamento lógico;
- O papel da escola no contexto dos sentimentos de segurança e auto-estima é de enorme importância, e o aluno tem o direito de sentir prazer em crescer e superar dificuldades, ter a satisfação que advém dos progressos conseguidos, enfim, de sentir a segurança geradora de vontade e desejo de aprender.

Em suma, as finalidades, internacional e consensualmente estabelecidas acerca da acção educativa, apontam para o desenvolvimento integral e optimizado de cada aluno nos planos intelectual, social, afectivo, físico, estético e moral. Consequentemente, a escola do 1º ciclo do ensino básico visa, pelo tipo de actividades que propõe, a realização de objectivos que se situem nestes diferentes planos.
A Educação Artística, considerada no Decreto-Lei 344/90 de 2 de Novembro como “parte integrante e imprescindível da formação global e equilibrada da pessoa”, encontra nas Expressões Artísticas Integradas um caminho que converge para o seu garante.

A área das Expressões Artísticas Integradas, enquanto resposta no âmbito das Actividades de Enriquecimento Curricular, dará seguramente um contributo neste sentido, articulando de forma integrada os domínios em que “opera”, e articulando com toda a intencionalidade educativa que preside ao Currículo do Ensino Básico e seus conteúdos transversais.

Como tal, o objectivo não é o de uma educação artística no sentido da formação de artistas, de virtuosos, mas sim o de complementar todo o processo educativo enfatizando a sua vertente expressiva e criativa (individual e colectiva), no respeito pelos princípios da articulação com os restantes conteúdos desenvolvidos em tempo curricular. Não menos importante, no respeito também pelo direito da criança a um espaço de liberdade expressiva e criativa num ambiente de ludicidade e, sempre que possível, livre escolha. Como afirmou Arno Stern, “não se ensina educação artística. Faz-se.”
A sua articulação com os planos de actividade de cada professor contribuirá para a promoção de um desenvolvimento e educação harmoniosas, criando oportunidades de exploração, pesquisa, aquisição e representação de diferentes formas do saber/conhecimento. A leitura e interpretação das imagens, da música e do movimento (linguagens às quais a criança está particularmente habituada) podem também ser poderosos auxiliares na aprendizagem de aspectos mais complexos da educação linguística, da lógica e da matemática.
Visto que todas as linguagens exprimem a capacidade do ser humano de traduzir através de símbolos e signos o seu pensamento e os seus sentimentos, a própria educação linguística (que se centra especificamente na linguagem verbal) não deverá ignorar as contribuições comunicativas e expressivas que são produto da utilização de outras formas de linguagem: icónica, musical, corporal, gestual e mímica. Neste mútuo enriquecimento entre tempo curricular e actividades de enriquecimento curricular estará, para a criança/aluno o ganho duma proposta que queremos facilitadora da integração, que se traduza em projectos sentidos e com sentido para todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem.
As competências e capacidades dos alunos seguramente disso serão reflexo.

Mencionemos como particularmente significativas e desejáveis as seguintes capacidades de:
· apreciação e juízo estético,
· expressão e determinação de ideias
· pensar
· decisão ética
· habilidade manual/técnica
· interpretação de situações intersubjectivas (“situações vividas”)
· comunicação
· criatividade
· orientação no espaço e no tempo
· autonomia
· responsabilidade
· determinar e fundamentar os valores básicos da vida em sociedade, investigando as possibilidades da sua realização e ameaças à sua expressão. Tais valores são a paz, os direitos do homem, a coexistência com diversas culturas, religiões, formas de sociedade, povos e nações.

Logo, se a escola deve estimular cada aluno com vista a um auto desenvolvimento e crescimento pessoal, o enfoque deve ser não só no aspecto intelectual, mas também no aspecto prático, sensitivo e estético, tendo presente que a capacidade criativa é parte do que é suposto que os alunos adquiram nesta etapa das suas vidas e que as actividades expressivas são consideradas fundamentais para o desenvolvimento desta capacidade, bem como para os processos de socialização

Deve ser dada aos alunos a oportunidade de experimentarem a expressão do conhecimento de diferentes maneiras. Devem igualmente ser encorajados a tentar e desenvolver diferentes formas de expressão e vivenciarem sentimentos e estados de espírito. O drama, o movimento, a dança, a música e a criatividade na arte, a escrita e a plástica, devem fazer parte das actividades escolares, seja qual for a organização funcional que se encontre para o efeito - tempo curricular ou A.E.C..
Estes domínios sobrepõem-se, complementam-se e entrelaçam-se de múltiplas formas. Boa parte dos objectivos pode ser atingida puramente no âmbito de projectos interdisciplinares.



O desenvolvimento harmonioso dos alunos deverá ser atingido através de uma variada e equilibrada combinação de conteúdos e métodos de trabalho.


O domínio da arte é por si só, um valor: é um meio de conhecimento, de se conhecer e de conhecer os outros. Respeitar este valor é respeitar a intuição e a imaginação.
Pensamos que com a modalidade Expressões Artísticas Integradas será dado um assinalável contributo à concretização deste valor e dos princípios acima referidos.



OPERACIONALIZAÇÃO


À semelhança dos eixos que em que se organiza cada um dos domínios desta área, podemos considerar para as EXPRESSÕES ARTÍSTICAS, em termos globais, três finalidades:

PERCEPÇÃO - desenvolvimento de uma consciência sensível, pessoal e actuante face ao seu meio-ambiente, ou seja, face ao tipo e qualidade do meio onde vive;
ACÇÃO - a educação artística visa fornecer à criança uma série de ferramentas e técnicas indispensáveis a uma livre expressão de si, que lhe permita actuar como "praticante";
REACÇÃO - a educação artística visa, através duma pedagogia aberta, traçar um programa de formação da sensibilidade na criança: a aptidão para fruir, em contacto com um objecto, forma ou obra, uma forma particular de emoção - a emoção estética.

É este triplo processo que está na origem do desenvolvimento da imagem mental da criança, exercendo-se sempre numa simultaneidade e movimento contínuos.

Os domínios que integram esta área são: DANÇA, MÚSICA, PLÁSTICA E DRAMA.
Qualquer um destes domínios contribui para a reconstrução dos conteúdos da experiência, pensamento e fantasia das crianças.
A expressão e representação plástica, musical, dramática e corporal são formas de expressão mediante as quais as crianças aprendem, exprimem e comunicam diversos aspectos da realidade exterior e do seu mundo interior.
A integração/simultaneidade destes domínios deve ser ambicionada sempre que possível. São evidentes as conexões entre, por exemplo, a dramatização e a dança, e, por sua vez, entre esta e a música. É importante fazer um esforço no sentido de esbater fronteiras entre os diferentes géneros convencionais de arte e incorporar, de diferentes formas, componentes classicamente pertencentes a diferentes artes: o espaço, o volume, a forma, a cor, o movimento do corpo, o som musical e o ritmo.
.Percepção-reacção, acção-realização e reflexão-reacção são os elementos interactivos do processo. A sua ordem não é imutável, mas a presença de cada um é indispensável.
(Interligados e relacionados entre si, são um recurso na dimensão comunicativa dos processos artísticos).
Alguns dos objectivos gerais referentes esta área:

- Explorar materiais e instrumentos diversos (musicais, plásticos e dramáticos) afim de conhecer as suas propriedades e possibilidades de utilização com fins expressivos, comunicativos e lúdicos;
- Utilizar a voz e o corpo como instrumentos de representação e comunicação plástica, musical e dramática, contribuindo com isso para o equilíbrio afectivo e para a relação com os outros;
- Levar o aluno a expressar-se e comunicar produzindo mensagens diversas, para o que utilize códigos e formas elementares das diferentes linguagens artísticas, bem como suas técnicas específicas;
- Ter confiança nas suas produções artísticas, prazer na sua execução e reconhecer a contribuição das mesmas para o gosto e bem-estar pessoal;
- Realizar produções artísticas de forma cooperante, que pressuponham papeis diferenciados e complementares na eventual elaboração de um produto final (3º/4ºano);
- Conhecer e respeitar as principais manifestações artísticas que se encontram presentes em seu redor, bem como os elementos mais destacados do património cultural, desenvolvendo critérios próprios de apreciação.
Conteúdos desta área:

. A imagem e a forma;
. Elaboração de composições plásticas e de imagens;
. Composição plástica e formal: elementos visuais;
. Canto, expressão vocal e instrumental;
. Escrita criativa/poesia
. Linguagem musical;
. Linguagem corporal;
. Jogo dramático;
. Artes e cultura;


A organização das actividades de Expressão Artística deve contribuir para que, no final, os alunos sejam capazes de:

- Expressar e comunicar através das artes;
- Manter uma atitude de busca pessoal e/ou colectiva, articulando percepção, emoção, imaginação, sensibilidade e reflexão ao realizar e fruir produções artísticas;
- Interagir com materiais, instrumentos e procedimentos variados em artes, experimentando-os e conhecendo-os de modo a utiliza-los nos trabalhos pessoais;
- Edificar uma relação de auto confiança com a produção artística pessoal;
- Respeitar a sua produção e dos colegas, no percurso criativo;
- Compreender e saber identificar a arte como facto histórico contextualizado nas diversas culturas;
- Observar as relações entre o homem e a realidade, com interesse e curiosidade (indagando, argumentando, e apreciando arte de modo sensível);
- Compreender e saber identificar aspectos da função e dos resultados do trabalho do artista, reconhecendo na sua própria experiência de aprendizagem aspectos do processo percorrido pelo artista;
- Procurar e saber organizar informações sobre arte;
- Revelar capacidade de discernimento, mantendo face ao mundo que o rodeia uma atitude crítica, capaz de intervir enquanto cidadão consciente e esclarecido.


As actividades expressivas são consideradas fundamentais para o desenvolvimento da capacidade criadora dos alunos e alunas, bem como para os processos de socialização.
Por isso é muito importante que não se tenha apenas em vista a aquisição de conhecimentos e conceitos, mas sim proporcionar uma educação que estimule todas as capacidades do aluno.

Espera-se do professor/monitor que seja capaz de suscitar na criança o gosto pelas diferentes formas artísticas, permitindo-lhe desenvolver os seus próprios poderes criativos, tendo também em conta as experiências perceptivas e criativas que a criança já desenvolveu mesmo antes de frequentar a escola, pois são essas criações espontâneas o ponto de partida de criações elaboradas nas aulas com a participação contributiva do colectivo de crianças e dos professores.

AMBIENTE EDUCATIVO


“O conhecimento não provém dos objectos, nem da criança, mas sim das interacções entre a criança e os objectos” – Jean Piaget

Aprender a ser, a tornar-se, a conhecer-se e a conhecer o mundo, resume o objecto do conhecimento.
A dança, a música, as artes plásticas, a poesia/escrita criativa, a dramatização, o jogo, são modalidades que abrem vias para o conhecimento de si e do mundo. São formas de comunicação que decorrem dos sentidos, articulados com um saber e um saber-ser e permitem ao indivíduo relacionar-se: consigo, com o mundo e sua realidade subjectiva.

· O acto pedagógico é uma intervenção pensada, deliberada e centrada na criança, no seu desenvolvimento/evolução com vista a um ser criativo/autónomo, solidário e responsável, consciente das suas crenças e da sua personalidade.
· Queremos que este seja um espaço com tempo. O tempo é vital para que se aprenda de forma significativa: é fundamental que a criança tenha hipóteses de descobrir por si própria as diferentes propriedades de uma determinada explicação fenomenológica, dispondo de tempo lógico suficiente, num espaço mágico de aprendizagens. Este espaço-tempo reservado às Expressões Artísticas reserva-se também o dever de ser esse espaço mágico, onde a criança pode manipular as coisas, representa-las mentalmente, inverter tudo para, depois, recompor e criar. Um espaço que dá lugar ao jogo criativo, num ambiente de ludicidade. Só assim ficará assegurada e consolidada uma boa e saborosa aquisição de conhecimentos.
· É desejável a construção de um clima social positivo no quotidiano da escola, organizando formas de trabalho de grupo e de ajuda recíproca e favorecendo a iniciativa, a auto decisão, a responsabilidade pessoal do aluno.
· Expressão e comunicação andam de braço dado. A comunicação, tão importante e cara às relações inter humanas, é sempre um vai-vem de conhecimentos e afectos que acabará por resultar na relação de pessoas que mutuamente se procuram. Estabelecer empatia é imprescindível em qualquer relação. Este é um espaço onde a comunicação e as relações podem nascer pelo som, ritmo, gesto e canto!
· Compreender que as percepções da criança, a respeito da arte, são diferentes das dos adultos. É importante não impor a uma criança uma actividade artística, e também abster-se de qualquer apropriação ou crítica artística. Os conselhos devem ser técnicos, simples e precisos, e não de ordem subjectiva. O papel do adulto, neste contexto, é o de apoiar e “guiar” as crianças neste processo de descoberta, fruição, criação e partilha. É ser coadjuvante e colaborante. Observar, interagir, oferecer apoio e colocar novos desafios, eis o que se espera do adulto.
· Os projectos/actividades devem, nalguns casos, promover uma efectiva proximidade entre a comunidade, a família e a escola.

Sempre que não for possível a um mesmo monitor dinamizar de forma integrada os vários domínios, deverá articular este domínio com os restantes domínios da área de expressões e com os conteúdos das disciplinas curriculares e transversais, proporcionando espaços e tempos de facto enriquecedores para as crianças e na perspectiva dum desenvolvimento global e integrado do indivíduo.

Ressaltam três princípios pedagógicos:
- O respeito pelo poder criativo da criança e pela gratuidade da criação (o objectivo é estimular e não orientar, muito menos em busca de um resultado artístico propriamente dito).
- A necessidade da intervenção educativa (a ausência de intervenção corre um risco semelhante ao do “dirigismo magistral” – intervenção centrada no professor)
- A importância do desenvolvimento do pensamento divergente, convergente e avaliativo.

Assim, e sempre que possível, deve-se:
· Organizar as actividades de modo a englobar vários domínios de expressão;
· Permitir a experimentação, improvisação e criatividade da criança, livre de críticas ou juízos de valor, dando um lugar ao imprevisto e desafiando assim a capacidade criadora da criança;
· Tentar organizar actividades com as crianças em vez de para as crianças;
· Favorecer um conhecimento diversificado e abrangente de várias formas de expressão;
· Sempre que possível ir ver espectáculos, exposições, contactar com artistas, valorizar elementos da família ou comunidade que desenvolvam, mesmo que a título amador, qualquer actividade nestes domínios;
Com o cuidado de:
· Motivar, organizar e enriquecer a vivência expressiva do aluno, evitando recorrer a métodos, instrumentos ou modelos que não promovam a criatividade;
· Fornecer adequada variedade de materiais e instrumentos tendo em conta que as possibilidades expressivas dos alunos não só variam como dependem dos estímulos que recebem do ambiente que os rodeia;
· Deixar que a criança desenvolva a sua própria técnica, através da experimentação;
· Saber dar, no momento justo, as sugestões necessárias a uma melhor utilização dos meios e instrumentos;
· Remover bloqueios psicológicos e dificuldades de expressão e comunicação, ajudando o aluno, mediante o diálogo, a reflectir sobre o conteúdo da sua realização;
· Respeitar o desenvolvimento de cada um, características de personalidade, num ambiente de disciplina, empatia, calmo e securizante, onde haja tempo para o tempo interno de cada um.
“O Saber constrói-se de modo interactivo e na relação com o exterior; essa relação é uma forma de diálogo que, para ser interiorizado, necessita de momentos de silêncio, espaços de encontro consigo próprio e de reconhecimento do que há dos outros em cada um de nós, o que vai permitir falar com os outros dentro de si.” – Natália Pais

Com um sério empenhamento de todos os intervenientes, numa articulação e partilha construtiva, a Escola a “Tempo Inteiro” poderá garantir a todas as crianças um tempo para pensar, sentir e experimentar Música, Dança, Drama e Artes Plásticas, construindo, num processo de participação activa, o projecto que mais lhes diga à curiosidade, ou aos sentidos.
A si, aos outros e com os outros, é suposto mexerem e mexerem-se, ouvirem e ouvirem-se (aprendendo a escutar) olharem e olharem-se (aprendendo a ver), reflectirem sobre cada momento, cada experiência.
Serem decisores e actores. Levarem as suas experiências aos colegas e às famílias, recebendo as deles – partilharem; empenharem-se colectivamente em vivências colectivas

Assim, verão o seu currículo real enriquecido e a escola terá um sentido mais plural, mais aberto e mais perto do que somos enquanto indivíduos.
DANÇA

“As emoções são escritas no ar pelo
movimento do corpo de quem dança”
Rudolf Laban


PRINCÍPIOS ORIENTADORES


A dança é uma forma de comunicação sensorial que permite ao indivíduo relacionar-se consigo próprio e com o seu meio.
Enquanto expressão artística e no contexto do primeiro ciclo de escolaridade, a sua abordagem não tem em vista a promoção desta ou daquela forma específica de dança, nem tão pouco visa a formação de técnicos virtuosos ou futuros bailarinos, mas sim dar um contributo para que venham a ser adultos sensíveis, conscientes e harmoniosos
O papel educativo deste domínio é de ordem mais lata e comum a todos os indivíduos, centrando-se no material de base da dança que é o movimento.
O contacto directo com o movimento é, assim e antes de mais, o ponto de partida que antecede qualquer intervenção pedagógica. Não se pode conceber o ensino da dança se não se aceitar todo o processo artístico como uma forma de estar e viver. A aquisição duma habilidade externa para o movimento resulta duma premência interior para o mesmo.

A dança, tal como os restantes domínios da área Expressões Artísticas, deverá proporcionar actividades de carácter lúdico, expressivo (emoções e vivências) e criativo, e contribuir para um harmónico desenvolvimento da pessoa humana.
A importância dada à ludicidade neste contexto corresponde à necessidade primária que a criança tem de formas gratificantes e motivadoras da actividade. Neste sentido, as actividades programadas não devem constituir um constrangimento para aqueles que tenham maiores dificuldades ou inibições a nível motor, antes pelo contrário, devem ter como objectivo o domínio dos receios permitindo a expressão dos sentimentos.
É um espaço por excelência para a criança experimentar as capacidades do seu corpo, de forma lúdica, dando largas à imaginação. Consciente que todo o movimento tem uma componente estética e ética, a atitude do professor/monitor deve encorajar a liberdade expressiva e ser plural e abrangente, não induzir estereótipos quando estiver em causa a expressão mais individual de emoções ou sentimentos.
É pela transformação gradual do movimento numa linguagem intencional expressiva e comunicativa, levando a criança a descobrir e reconhecer em si própria o impulso que a leva ao desejo de explorar, de repetir um movimento ou uma série de movimentos, que faremos nascer a possibilidade e a satisfação de concretizar (criando, interpretando), através da dança, uma imagem interior cheia de emoções e sensações quinestésicas cada vez mais ajustadas.
Propostas de situações que levem a criança a explorar as diferentes componentes do movimento (espaço, tempo, energia) permitirão também que adquiram uma dimensão estética do gesto.
A progressão e domínio de bases posturais e motoras da personalidade da criança devem se promovidas pelo professor/monitor no respeito pelo nível de maturidade biofísica individual de cada uma, tendo em conta as diferenças de maturação neuro-fisiológica porquanto se trate do 1º/2º ano ou do 3º/4º.
Por aqui se começa. E só assim, proporcionando uma gradual consciência de si, do seu corpo e dos outros, se pode chegar a um entendimento reflectido das intencionalidades e significados das múltiplas formas que a dança tem vindo a assumir ao longo do séc. XX e que hoje se cruzam no dia a dia das diferentes sociedades.
Esta primeira fase é essencial para um bom domínio cinético e, sem bloqueios, explorar o seu corpo em movimento, ser criativo e encontrar soluções. Só mais tarde (3º, 4º anos) fará sentido pensar numa óptica de criar, com características não só expressivas mas também estéticas, já num registo intencional e com um objectivo de partilha para o grupo, só ou em grupo. O envolvimento afectivo na elaboração quer de sequências de dança quer de projectos colectivos, é de extrema importância para um bom empenhamento; como tal, não se deve impor qualquer uma destas actividades, nem a apresentação ou espectáculo devem ser um fim em si.
Levar a criança a cultivar a linguagem da dança num processo de criatividade é uma das características da dança criativa, que visa essencialmente dar a conhecer e experimentar a dança na sua globalidade, oferecendo à criança a possibilidade de fazer uma escolha pessoal quanto às formas de dança conhecidas e tornar-se um espectador esclarecido (e prevenido). Baseada nos movimentos do quotidiano e contribui enormemente para a tomada de consciência de “como me mexo” no dia a dia, enriquece a qualidade do movimento pois que cultiva a consciência de que somos responsáveis pela forma como nos mexemos, do compromisso que há entre a intenção e o movimento que produzimos para a concretizar.
Este é também um domínio através do qual se pode ganhar experiências sobre as ligações entre corpo, natureza e sociedade, como base para a compreensão e aprendizagem acerca da interacção entre saúde, condições de vida e estilos de vida, bem como uma série de outras temáticas transversais ao currículo do 1º ciclo.
Deve ser proporcionada informação sobre a cultura de dança/movimento de outros países/civilizações. Facultando uma dimensão mais vasta de conhecimentos relacionados com sociedades distintas permite-se também o estabelecer de comparações, o questionar, o situar-se (forma, intenções, significados, ritmos). Pôr a criança em contacto com obras tornam-na capaz de retirar elementos susceptíveis de a ajudar na formação duma opinião.

Por último, quanto mais não fosse pelo vasto conjunto de campos, passando pela medicina e psicologia, em que o conhecimento dos processos do movimento e o domínio da linguagem não verbal se tem mostrado útil, já estaria justificado o interesse da dança neste espaço/tempo educativo.

Em resumo, a título de objectivo global, pretende-se:
Levar a criança a utilizar a linguagem da dança como meio de expressão e de comunicação artística, experiência que terá de ser igualmente significativa no plano afectivo, no intelectual e no social. Enriquecer o seu vocabulário corporal.

As principais etapas deste processo - Percepção, Acção, e Retroacção, que podemos considerar objectivos gerais, inscritos num processo de criatividade associado à denominada dança criativa, vão no sentido de levar a criança a:
- PERCEBER – tornar-se sensível, através da exploração do movimento, aos elementos sensoriais e ao valor emotivo contido no corpo e no ambiente;
- AGIR – familiarizar-se com a estrutura, as regras do movimento utilizadas em dança e relacionar estes elementos; exprimir as suas percepções do movimento e a sua vivência pessoal através da exploração e da criação de movimentos simples ou de danças.
- RETROAGIR – estabelecer elos entre a dança criada por si, pelos seus colegas e as obras coreográficas; aumentar a sua sensibilidade face ao movimento através da observação e análise dos trabalhos dos seus colegas e de obras coreográficas. (Pressupõe-se a constituição progressiva duma cultura coreográfica representativa dos vários géneros de dança e de várias culturas).

Seria um enorme artifício fazer uma leitura rígida destas etapas, contrária ao desenvolvimento da pessoa, o qual nunca é linear. É suposto que se possam entrecruzar, coexistir, alternar, variando não só mediante o tipo de proposta mas também mediante as características de cada criança.

Exemplo de possíveis conteúdos (meios através dos quais as crianças desenvolvem capacidades)

Percepção: SENSAÇÕES ð auditivas, visuais, tácteis, olfactivas, quinestésicas.

Acção: a) ESTRUTURA DO MOVIMENTO ð Dominantes: corpo, espaço, energia, tempo.
RELAÇÃO ENTRE ESTAS DOMINANTES ðDescobrir o corpo, explorar, criar o movimento
PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO: gravidade, força, equilíbrio, dinamismo, peso, ressalto, giro, apoio.
b) EXPRESSÃO: EXPRIMIR-SE, COMUNICAR, INTERPRETAR ð o vivido, o meio ambiente, o movimento em si mesmo
c) INTERPRETAÇÃO: TEMAS ðcontemporânea, social, dos colegas, dança primitiva, clássica, folclórica

Retroacção: HISTÓRIA DA DANÇA ð Período tradicional: obras coreográficas; Período Contemporâneo: obras coreográficas, danças dos colegas, as suas próprias danças.


Seguem-se alguns exemplos de sugestões, quer de conceitos a explorar quer de procedimentos e atitudes com eles relacionados, para este domínio da dança/linguagem corporal:

CONCEITOS
O corpo como instrumento de expressão e comunicação
- Recursos expressivos do corpo: o gesto , o movimento.
- Manifestações expressivas associadas ao movimento: mímica, dança, dramatização pantomima, expressão corporal.
O espaço e o tempo individual e relacional:
- Objecto que se desloca, forma de movimento, direcção, intensidade e duração, orientação, e trajectórias. (centro e periferia, diferentes níveis, com diferentes partes do corpo – noção de centro do corpo e extremidades – situações de equilíbrio/desequilíbrio, lateralidade)
- Ritmo, estruturas rítmicas, tempo, duração, velocidade, etc. (coordenação do ritmo sozinho e com pares)
Os sentidos como forma de percepção e relação
Bases expressivas do movimento:
- Relaxamento e respiração
- Qualidades do movimento: pesado, ligeiro, forte, suave, lento, rápido

Relação entre a linguagem corporal expressiva e outras linguagens.
Actividades: andar, correr, saltar, rebolar, baloiçar, virar, equilibrar, cair, encolher, torcer, deitar, inclinar, galopar, flutuar, transportar, sentar, dobrar, lançar, abrir, fechar; etc.

PROCEDIMENTOS
- Exploração e experimentação das possibilidades e recursos expressivos do seu corpo.
- Improvisação sobre o espaço, o tempo e os estados anímicos. Experimentação do espaço e tempo individuais na relação e jogo com os outros.
- Diferenciação espaço-temporal na relação pessoal e de grupo do movimento e da dança;
- Exploração sensorial de pessoas, objectos e materiais como meio de relação e comunicação.
- Exploração, percepção e vivência das próprias sensações internas.
- Utilização pessoal do gesto e movimento para a expressão, a representação e a comunicação.
- Elaboração e representação de cenas, situações e personagens, com recursos mímicos.
- Interpretação do movimento adequado ao ritmo, e ao sentido musical.
- Prática de actividades básicas de movimento: marcha, gesto, elevação, rotação e posição;
- Experimentação da respiração e relaxação;
- Utilização de recursos corporais expressivos para o jogo dramático e musical;
- Utilização de repertórios de danças, ritmos e movimentos, determinados e inventados;
- Elaboração de coreografias;
- Utilização das diferentes linguagens: plástica, musical e dramática para a expressão e percepção sensorial.
- Reprodução de sequências e ritmos, e adequação do movimento àqueles.
- Prática de danças inventadas, populares e tradicionais, de execução simples.
- Exploração e integração das qualidades do movimento na sua própria execução motora, relacionadas com atitudes, sensações e estados de espírito
- Elaboração de mensagens mediante a simbologia e codificação de movimentos.
- Exploração de recursos vocais (respiração, vocalização, entoação, articulação, etc.) como meio de expressão e dramatização;
- Desenvolvimento de competências transversais no âmbito da musica com outras artes e áreas do saber.


ATITUDES

. Desinibição e espontaneidade dos gestos e movimentos;
. Valorização do seu corpo e conhecimento das suas possibilidades e utilidades expressivas e comunicativas;
. Vontade de experimentar diferentes ritmos, movimentos e atitudes corporais, valorizando as facilidades de cada um neste campo.
. Vontade de coordenar as suas acções com as do grupo com finalidades expressivas e estéticas;
. Privilegiar produções artísticas nas quais a música, o movimento expressivo e a dança sejam uma das manifestações mais usadas;
. Sensibilidade e prazer nas experiências sensoriais;
. Valorização do movimento dos outros, analisando os recursos expressivos empregues, a sua plasticidade e a sua intencionalidade.
. Interesse na melhoria da qualidade do seu próprio movimento.
. Participação em situações que pressuponham comunicação com outros, utilizando recursos motores e corporais com espontaneidade.
. Comprometer-se numa acção, individual ou colectiva, que vise comunicar aos outros um sentimento ou uma emoção.

É desejável que no final do 1º ciclo a criança tenha adquirido capacidades de:

Reconhecimento e percepção de noções como o tempo, as qualidade do movimento, sensações e emoções que permitem a exploração do corpo no espaço.

Explorar corpo e espaço, tempo, energia, sendo capaz de identificar e utilizar os conhecimentos na exploração e criação de danças.

Retroagir comparando (utilização de elementos comuns por coreógrafos diferentes, etc.), construindo, fazendo escolhas e avaliando resultados globais.

NOTAS:

Ao pretender vincular a criança a uma trajectória artística respeitando a sua autonomia e personalidade, pressupõe, da parte do professor/monitor, a criação de condições favoráveis ao desenvolvimento deste processo, estabelecendo um clima de segurança psicológica e de liberdade.
O professor/monitor deve ser capaz de incutir atitudes positivas na aprendizagem dos movimentos e na competência e saber necessários à necessidade de se mexerem uns com os outros e em grupo, valorizando a participação individual.
Como tal, o professor/monitor deve ser imparcial, esclarecido e isento de qualquer tipo de juízo de valor ou conceito que limite ou atrofie o carácter eminentemente expressivo e comunicativo das actividades.
O conjunto de decisões relativas à organização do conteúdo, à selecção das aprendizagens, à abordagem pedagógica e à avaliação, inspirar-se-á em elementos ligados a esta arte do movimento e na necessidade que cada criança tem de manifestar a sua subjectividade, a sua autenticidade no e através do movimento.

Sempre que não for possível a um mesmo monitor dinamizar de forma integrada os vários domínios, deverá articular este domínio com os restantes domínios da área de expressões e com os conteúdos das disciplinas curriculares e transversais, proporcionando espaços e tempos de facto enriquecedores para as crianças e na perspectiva dum desenvolvimento global e integrado do indivíduo.


Nomes da Dança que, desde inícios do séc. XX efectuaram uma ruptura com a Academia e o Ballet Clássico, apropriando-se do corpo na dança numa abordagem inovadora, audaciosa, irreverente e por vezes escandalosa, e, por fim, livre:
(a título bibliográfico, para eventual consulta de obras ou visionamento de excertos de dança com as crianças):


- Diaghilev, Nijinski
- Isadora Duncan
- Martha Graham, Merce Cunningham
- Doris Humphrey
- Joséphine Baker
- Rudolf Laban
- Maurice Béjart
- Eiko Otate e Koma Takashi Yamada
- Carlotta Ikeda

- Ushio Amagatsu
- Pina Bausch
- Jiri Kylian
- Mats Ek
- Sasha Waltz
- Michael Clark
- William Forsythe
- Anne Theresa de Keersmaeker
- Marie Chouinard


MÚSICA

“A música não é uma aptidão concedida a um pequeno número de eleitos;
todo o ser humano tem algum potencial para entender a música”
Edwin E. Gordon

PRINCÍPIOS ORIENTADORES

A Expressão Musical é um domínio de educação artística envolvendo a dimensão sonora, verbal e de movimento. Assim sendo, destacam-se, como áreas de conteúdo e competência, o canto, tocar instrumentos, movimento, e teoria musical. A composição e o improviso estão presentes, assim como a compreensão das potencialidades tecnológicas na intensificação e desenvolvimento das possibilidades do campo de acção musical.
As crianças nascem numa sociedade onde a música está muito presente e actua sobre elas de diversas formas: determinando estados de espírito, pondo-as a mexer ou dançar ao seu ritmo, ou fazendo simplesmente com que sintam prazer em ouvi-la.
É uma via para o conhecimento de si, dos outros e do mundo: compreender o que ouvem, a música, é fundamental para passarem a apreciar, ouvir com prazer mas também com sentido.
O ensino da música, partindo da expressão musical, contribui para o desenvolvimento emocional e intelectual das crianças, da sua concentração e funções motoras, servindo ainda como estímulo à compreensão de si próprios enquanto parte da comunidade, tudo isto através duma atitude activa e criativa, de aprender fazendo.
A música, enquanto expressão de todos os sentimentos, forma a pessoa na sua procura duma identidade. As necessidades humanas que se espelham na música e através dela, fundamentam o seu carácter imprescindível à educação de base, formação do carácter e da personalidade, e pode, de formas diversas, dar corpo ao modo de viver de uma época, duma geração, duma religião, duma cultura. Assim, não se deve deixar de encarar a formação musical como forma de comunicação e expressão, carregada de conteúdo afectivo, sem o qual se limita a um amontoado de sons sem significado.
“Pretende-se, num clima de prazer e bem-estar, desenvolver potencialidades múltiplas no campo musical, que passam pela utilização da voz, do corpo e de instrumentos, tendo em vista o desenvolvimento auditivo, a expressão e criação musical e a representação do som. As actividades propostas devem ter um carácter lúdico. Chama-se a atenção para a singularidade musical de cada criança, razão pela qual lhe deve ser permitido desenvolver à sua maneira as propostas que se lhe apresentem, e também para a importância de não dissociar a voz, o corpo e instrumentos, devendo ser utilizados de forma integrada, integrada e criativa” – In tese. Cit. Currículo 1º Ciclo
O professor/monitor deve desenvolver nas crianças uma consciencialização do seu ambiente sonoro, de forma a poderem agir sobre o mesmo; é desejável que elas conquistem autonomias musicais, sendo capazes de escolhas musicais que correspondam às suas emoções e estados de espírito. Todo o empenho educativo é pouco no sentido de evitar que, por falta de informação, as crianças se tornem adultos reduzidos a um papel de consumidores facilmente manipuláveis.
Num mundo de ruído, a expressão/educação musical traz um contributo indispensável à educação dos sentidos
Globalidade é a palavra-chave de qualquer processo pedagógico musical. As actividades pedagógicas são um meio de colocar a criança em face de situações de aprendizagem estimulantes, que favoreçam o seu gosto e habilidade pela e para a música. Ela aprende pela manipulação e experimentação do material sonoro, numa aprendizagem que se quer feita sem receio ou inibições, e com gosto.
Respeitando a expressão, produção ou elaboração musicais, o ensino e a aprendizagem realizam-se através de três meios: a voz e o canto, os instrumentos, e o movimento e a dança.
É suposto que o professor/monitor assegure uma formação o mais coerente possível, planificando uma abordagem gradual e estruturada, que permita à criança estabelecer ligações lógicas entre diferentes actividades vividas. Para tal deverá ter em conta o desenvolvimento e idade das crianças porquanto se trate do 1º/2º ano ou 3º/4, e as características sociais e culturais dos grupos com que trabalha, bem como os perfis pessoais de cada uma (lentos, visuais, auditivos, activos) e seus talentos ou dificuldades particulares.

Tal como nos restantes domínios da área Expressões Artísticas deverá proporcionar actividades de carácter lúdico, expressivo (emoções e vivências) e criativo e contribuir para um desenvolvimento harmónico da pessoa humana.
Em resumo, a título de objectivo global, pretende-se:
Levar a criança a desenvolver a musicalidade utilizando esta linguagem como meio de expressão e comunicação artística, com significado nos campos afectivo, intelectual e social. Permitir-lhe viver experiências musicais múltiplas, para que tal lhe suscite reacções afectivas e cognitivas pessoais e significantes face ao fenómeno do som. Desenvolver a capacidade de fruir a música, bem como de se expressarem na e através da música.

Consideremos as principais etapas deste processo – Percepção, Acção e Retroacção – como objectivos gerais que vão no sentido de levar a criança a :

PERCEBER – tornar-se sensível através da exploração, audição e análise do som, aos fenómenos acústicos, ao valor expressivo e emotivo contido na música, e aos elementos sensoriais que lhe são implícitos. Apreciar e discriminar diferentes estilos e géneros.

AGIR – familiarizar-se com as estruturas da linguagem musical. Relacionar e integrar audição, composição e interpretação. Relacionar técnicas musicais, práticas vocais e instrumentais diferenciadas. Cooperar cantando, dançando, fazendo música. Exprimir a sua vivências pessoais e percepções musicais através da exploração e criação musicais simples. Reconhecer a forma duma organização sonora.

RETROAGIR – Identificar analogias entre a música criada por si, a música dos nossos dias e a música do passado. Ser capaz de fazer constatações do que sente durante as suas experiências musicais. Avaliar os resultados da sua expressão com vista à sua melhoria.
Tomar consciência do papel da música na sociedade actual, e apreciar de forma crítica as diferentes classes/géneros musicais.
Analisar e discernir de forma crítica e construtiva diferentes ambientes/propostas musicais (do repertório que a rodeia, criadas por si ou produções dos seus colegas).
Identificar diferentes funções que a música desempenha; ligar a música aos domínios não musicais, descobrir que a música pode abranger diversas funções sociais e que pode ser usada para fins e com intenções diversas.
Situar as suas escolhas/opções em função de objectivos determinados (sejam a mera fruição, o passar de uma mensagem, o exprimir estados emotivos).

Pressupõe-se a constituição progressiva duma cultura musical representativa de vários géneros e estilos musicais e de variadas culturas e épocas que possibilite aumentar a sua sensibilidade face à música

Exemplos de possíveis conteúdos para cada uma destas etapas sublinhando que não obedecem a uma ordem pré definida, podendo mesmo coexistir:

Percepção – ð Tempo para: escutar e estar atento a si próprio e à interioridade de cada um; disponibilidade interior; receptividade a estímulos.

Acção – Estruturas da linguagem musical ð propriedades do som: altura, intensidade, timbre e duração.
Elementos da linguagem musical ð Ex: contraste, espelho, consonância/dissonância, velocidade, acentuação, textura, etc.
Interacção entre estes elementos ð trabalhados de forma isolada ou em vivências globais permitem reconhecer e vivenciar na totalidade a linguagem musical.

O processo de experimentação/aprendizagem passa por actividades de:
a) Audição ð(som, silencio, timbre, colorido, resposta, etc.)
b) Interpretaçãoð prática vocal, prática instrumental e movimento
c) Composição ð utilizar diferentes fontes de inspiração (ritmos das palavras, ambientes, livros de histórias, imagens, etc.) Gravar, ouvir e melhorar (motivar a crítica e a autocrítica)
d) Expressão ð exprimir-se, comunicar, interpretar ð o mundo interior e imagens do mesmo, o vivido, o meio ambiente recorrendo aos recursos físicos, afectivos intelectuais e imaginação. Associação do corpo, voz e som.

Retroacção – pesquisa/informação sobre musicas em diferentes contextos. Audição de diferentes tipos de linguagem musical a fim de compreender as suas raízes sócio-culturais. História da musica: da antiguidade ao contemporâneo, em contexto.

Seguem-se alguns exemplos e sugestões de conceitos a explorar e de procedimentos e atitudes com eles relacionados:

CONCEITOS
- Desenvolvimento de competências nos domínios da voz e do canto, na interpretação de diferentes tipos de musica a uma ou mais vozes.
- Desenvolvimento da discriminação/acuidade auditiva e da memória (identificar e explorar as qualidades dos sons, identificar mudanças rítmicas, melódica e harmónicas, memorização de padrões, sequências, canções, etc.)
- O corpo como “fonte sonora” (palmas, estalar dedos e língua, tamborilar, sapatear, etc.), expressiva (apropriação/tradução corporal de diferentes conceitos e estruturas musicais), e sensorial, facilitadora da assimilação, da sensibilidade auditiva e da memória.
- Expressão e interpretação de acordo com diferentes tipos de musica (movimento e drama)
- Experimentação e aquisição de competências na pratica instrumental.
- Criação e improvisação musical.
- Compreensão da música enquanto fenómeno cultural, civilizacional, e emocional.
- Exploração de sonoridades diversas, produzidas por diferentes tipos de instrumentos, escutando, praticando (capacidade de associar os diversos instrumentos ou fontes sonoras ao seu som)
- Desenvolvimento de competências transversais no âmbito da musica com outras artes e áreas do saber.
- Organização do pensamento e critérios de organização do som (ex.: catalogação do som produzido por diferentes objectos)

PROCEDIMENTOS

- Exploração, improvisação e experimentação de materiais sonoros e musicais com estilo, géneros, formas e tecnologias diferenciadas.
- Audição de materiais musicais que estimulem o reconhecimento das características formais e estruturais dos géneros propostos;
- Escuta e identificação de sons diversos, identificando as suas propriedades; escuta de sons criados por si ou pelos colegas (vocais, objectos sonoros, instrumentos)
- Jogos vocais com fins expressivos (ex.: imitação de sons e barulhos, da realidade natural, dos instrumentos musicais, de outros objecto, etc.)
- Prática do canto (invenção de canções, constituição dum repertório de canções simples, de canções populares, etc.)
- Utilização de diferentes técnicas e práticas musicas como suporte à actividade de cantar e tocar instrumentos, de improvisação ou criação musical.
- Exploração e reconhecimento da função da voz humana e dos instrumentos musicais e suas características tímbricas.
- Integração do movimento rítmico e da dança (expressão corporal), juntamente com elementos musicais, na realização de alguns acontecimentos ou experiências musicais.
- Cultivar a capacidade de escuta de sonoridades significativas, de expressão dos sentimentos e representações pessoais através do movimento corporal e da interacção com os outros e o espaço. (realização e invenção de danças, exercícios corporais a partir de músicas e ritmos diversos; respeito pelas alterações de andamento - vivo, lento…- a música pode contar coisas)
- Desenvolvimento da discriminação e sensibilidade auditiva através do conhecimento vivenciado dum repertório musical vasto e alusivo a diferentes culturas (europeia, africana, asiática, etc.).
- Expressar som, forma e significado da música através de movimentos.
- Possibilitar a descoberta dos sons, da música e dos ruídos à nossa volta.
- Desenvolvimento de competências transversais no âmbito da musica com outras artes e áreas do saber.
- Experimentação e análise dos diversos sons e timbres obtidos pela percussão de objectos (metal, madeira, pedra, ocos ou maciços,…)
- Observação de formas diferentes de obter som: esfregando, agitando, percutindo, etc.;
- Gravar as suas produções, ouvi-las na perspectiva de avaliar e melhorar, considerando os outros e suas opiniões.

ATITUDES

- Vontade de experimentar diferentes ritmos, movimentos e atitudes corporais, valorizando as facilidades de cada um neste campo;
- Valorizar os jogos musicais expressivo criativos como técnica com a qual se processa o desenvolvimento das capacidades sensoriais, da atenção, percepção, memória, pulsão, emoções, sentimento, cognição, socialização, etc. – A.B.S.
- Interesse em partilhar a música do seu quotidiano e comunidade;
- Desinibição e espontaneidade para cantar e tocar sozinho ou em grupo;
- Prazer na improvisação e criação musicais
- Interesse na procura de novas possibilidades da voz com recurso expressivo e dramático
- Privilegiar produções artísticas na quais a música, o movimento expressivo e a dança sejam uma das manifestações mais usadas.

- Interesse na melhoria da qualidade das suas próprias interpretações;
- Desenvolvimento da capacidade de escutar de forma concentrada, activa e critica;

É suposto que no final do 1º ciclo a criança tenha adquirido capacidades de:
Reconhecimento e percepção dos rudimentos da técnica e da linguagem musical (enquanto ouvintes/receptores, intérpretes e realizadores expressivos e criativos)

Explorar: Integra sons, ideias, palavras, imagens, movimento e drama na criação de um espectáculo músico teatral; Compõe e interpreta música para descrever pinturas, histórias ou ideias (relação com temas desenvolvidos em contexto de sala de aula – língua portuguesa, p.ex.). utiliza técnicas instrumentais simples. Domina conceitos, utiliza em diferentes contextos com domínio de técnicas vocais.

Retroagir: Reconhece nas músicas intencionalidades, origens, raízes e funções; Interpreta criticamente, assume-se como ouvinte activo e consciente.

NOTAS:

Ao pretender vincular a criança a uma trajectória artística respeitando a sua autonomia e personalidade, pressupõe, da parte do professor/monitor, a criação de condições favoráveis ao desenvolvimento deste processo, estabelecendo um clima de segurança psicológica e de liberdade.
O professor/monitor deve ser capaz de, incutindo disciplina, incutir também atitudes positivas na aprendizagem da música e na competência e saber necessários à necessidade de interagirem uns com os outros e em grupo, valorizando a participação individual.
Como tal, o professor/monitor deve ser imparcial, esclarecido e isento de qualquer tipo de juízo de valor ou conceito que limite ou atrofie o carácter eminentemente expressivo e comunicativo das actividades.

Sempre que não for possível a um mesmo monitor dinamizar de forma integrada os vários domínios, deverá articular este domínio com os restantes domínios da área de expressões e com os conteúdos das disciplinas curriculares e transversais, proporcionando espaços e tempos de facto enriquecedores para as crianças e na perspectiva dum desenvolvimento global e integrado do indivíduo.



DRAMA
“A arte infantil é formada por dois elementos; há o que vem da criança, do seu eu profundo, e o que vem do exterior, pela observação e pela experiência; é preciso considerar como inicial o que vem da criança”
Arno Stern

PRINCÍPIOS ORIENTADORES

A Expressão dramática é uma área privilegiada de educação artística pelo seu carácter globalizador, envolvendo a dimensão plástica, sonora, verbal e de movimento.

Tal como nos restantes domínios da área Expressões Artísticas deverá proporcionar actividades de carácter lúdico, expressivo (emoções e vivências) e criativo e contribuir para um harmónico desenvolvimento da pessoa humana.

Na expressão dramática a implicação da criança é física, emotiva e intelectual: ela “diz” através de gestos, sons, palavras, movimento, utilização de objectos, deslocação no espaço, em suma, através de um conjunto de signos que constituem uma linguagem verbal e não verbal.

Estas características envolvem não só a arte dramática, como o jogo espontâneo da criança. Nesse espírito o jogo dramático é um campo de actividade privilegiado. O carácter lúdico do jogo dramático dá resposta a necessidades essenciais do ser humano – a de exteriorização de si no contexto da comunicação e a de busca do prazer na construção da aprendizagem.
A criança é produtora activa das mensagens (de aluno receptor, passa a aluno emissor – JP.R.)

Assim a expressão dramática assume como objectivo global:

Permitir à criança a aprendizagem da linguagem dramática como um meio de expressão e comunicação através de uma actividade lúdica e colectiva que a envolva na sua globalidade.

Pretende-se que os alunos enriqueçam os seus recursos expressivos e de representação: a voz, o disfarce, o gesto dramático, o movimento corporal, providenciando-lhes os meios para os sistematizarem e utilizarem na interpretação de outros papeis, ampliando o campo de que dispõe para comunicar aos outros uma mensagem ou um determinado efeito.

As principais etapas deste processo – Percepção, Acção e Retroacção – vão no sentido de levar a criança a :

PERCEBER – desenvolver a sua apetência para a interiorização de sensações e emoções que experimenta no contacto com o meio, renovando assim a sua relação com o mundo e enriquecendo a sua expressão.

AGIR – exploração: tomar consciência do seu corpo, da sua voz, do seu meio enquanto espaço e enquanto objecto, explorando-os e utilizando-os de variadas formas. Expressão – Comunicação: Desenvolver a sua sensibilidade à linguagem não verbal, às palavras e desenvolver a apetência para a exploração simultânea de ambas.

RETROAGIR – Através da reflexão, desenvolver a capacidade de apropriação das sensações, emoções e ideias expressas espontaneamente no decurso de uma actividade, e de identificar os meios utilizados para as exprimir.

Exemplos de possíveis de possíveis conteúdos para cada uma destas etapas sublinhando que não obedecem a uma ordem predefinida, podendo mesmo coexistir:

Percepção – informação e memória sensorial e afectiva ð Tempo para: escutar e estar atento a si próprio e à interioridade de cada um; disponibilidade interior; receptividade a estímulos.

Acção – Interacção entre signos da linguagem dramática:
a)Voz (som, palavra, silencio)
b) Corpo (mímica, gestos, atitudes)
c) Espaço/Objectos (posições e deslocações no espaço, objectos)
d) Expressão: exprimir-se, comunicar, interpretar ð o mundo interior e imagens do mesmo, o vivido, o meio ambiente recorrendo aos recursos físicos, afectivos intelectuais e imaginativos da criança.

Retroacção - Contacta com diferentes formas de expressão dramática numa atitude de pesquisa activa e criativa (espectáculos de teatro, fantoches e marionetas, registos de vídeo, festivais, mostras e intercambio de experiências, partilha de experiências com actores, etc.) contribuindo para a verbalização e partilha das experiências do percurso pessoal.
Transposição das experiências: escrita, desenho, etc. Melhor conhecimento de si e do mundo. Apropriação progressiva dos elementos base da linguagem dramática e da maneira de utilizar os meios e os materiais de que dispôs.

Seguem-se alguns exemplos e sugestões de conceitos a explorar e de procedimentos e atitudes com eles relacionados:


CONCEITOS

A voz e o corpo como instrumento de expressão e comunicação:
- O Jogo Dramático e pensamento divergente (maneira da criança pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar, ousar, experimentar, criar e absorver – Peter Slade)
- Explorar a dimensão da palavra (escrita, dita, lida, cantada e falada): diálogos, temas, onomatopeias, declamação, criação de histórias)
- Utilização do corpo como representação de situações/vivências (explorar maneiras pessoais de desenvolver o gesto ou movimento; improvisação individual, em par ou pequeno grupo)

Espaço e tempo cénico:
- Capacidades expressivas dos objectos e do espaço
- Orientação espacial, organização no espaço, relação corpo-objecto
- O objecto enquanto mediador

Relação e comunicação com os outros:

- Elaboração de quadros resultantes da percepção sensorial que permitam ser compreendidos/identificados por terceiros, mediante o recurso a simbolismo e codificação de movimentos, “iconografia” corporal (o corpo que fala)
- Desempenho de papeis (ícones da comunicação gestual) através dos quais se expressem e explorem capacidades de cada um
- Observar, escutar e apreciar as manifestações de terceiros.



PROCEDIMENTOS

▪ Desenvolver com prazer a espontaneidade e a criatividade dramática individual;
▪ Exploração da capacidade de exprimir emoções, acontecimentos, e pessoas/personagens;
▪ Desenvolvimento de práticas de improvisação, imitação e dramatização;
▪ Consciencialização e domínio respiratório e vocal;
▪ Experimentação da respiração e relaxação;
▪ Exploração de diferentes formas e atitudes corporais;
▪ Exploração de recursos vocais como meio de expressão e dramatização (respiração, vocalização, entoação, articulação, dicção, sonoridade, ritmo, intenção e interpretação);
▪ Elaboração e representação de cenas, situações e personagens, com recursos mímicos;
▪ Criação oral de histórias, diálogos, situações, escrita criativa, etc.;
▪ Animação e exploração dos objectos (fantoches, bonecos, marionetas, máscaras);
▪ Valorizar e explorar sensorialmente os espaços e os objectos, utilizando-os e transformando-os com recurso à criatividade e imaginação;
▪ Leitura oral e expressiva de textos ou diálogos, de acordo com o domínio de linguagem e apoiados na literatura infanto-juvenil, ou em criações próprias.
▪ Utilização consciente da voz, bem como, da linguagem, da postura, do movimento e da expressão facial (aliar gestos e movimentos ao som, mímica, pantomima, etc);
▪ Utilização de diferentes linguagens: plástica, musical e movimento/dança para a expressão e percepção sensorial;



ATITUDES

▪ Desinibição e espontaneidade dos gestos, movimento e linguagem;
▪ Valorização das suas representações mentais (conhecimentos, experiências e vivências individuais) e suas possibilidades expressivas
▪ Vontade de procurar novas possibilidades da voz e corpo como recurso expressivo e dramático;
▪ Consciencialização do outro (aprender a escutar, a olhar e a trabalhar com o outro);
▪ Vontade de coordenar as suas acções com as do grupo com finalidades expressivas;
▪ Comprometer-se numa acção, individual ou colectiva, que vise comunicar aos outros um sentimento ou emoção;
▪ Questionar a realidade a partir de improvisações tendo como suporte as vivências pessoais, a observação e interpretação do mundo e os conhecimentos do grupo;
▪ Interesse em conhecer as diferentes formas de expressão dramática segundo os diferentes contextos culturais, épocas e tradições.
▪ Compreensão do teatro enquanto linguagem criativa.



É suposto que no final do 1º ciclo a criança tenha adquirido capacidades de:

Reconhecimento e percepção de noções como a qualidade e capacidade expressiva do corpo, voz, espaço e objectos nos jogos de exploração/improvisação e da expressão dramática como meio para um auto conhecimento e entendimento dos outros.

Explorar corpo, voz, espaço e objectos, em realizações globais e integradas das actividades numa associação destes três elementos, reconhecendo e identificando regras e convenções do jogo dramático no planeamento e concretização de ideias.

Retroagir comparando, construindo, fazendo escolhas e avaliando resultados globais.

NOTAS:

Sempre que não for possível a um mesmo monitor dinamizar de forma integrada os vários domínios, deverá articular este domínio com os restantes domínios da área de expressões e com os conteúdos das disciplinas curriculares e transversais, proporcionando espaços e tempos de facto enriquecedores para as crianças e na perspectiva dum desenvolvimento global e integrado do indivíduo.

O jogo dramático deve ser valorizado como ponto de partida, antes de qualquer outra finalidade. Não está subordinado a um texto, não necessita de adereços no sentido tradicional do termo (estes podem ser improvisados pelas crianças a partir de qualquer material ou objecto existente), não requer técnicas de expressão, nem tem em vista uma representação “formal”.

Ao pretender vincular a criança a uma trajectória artística respeitando a sua autonomia e personalidade, pressupõe, da parte do professor/monitor, a criação de condições favoráveis ao desenvolvimento deste processo, estabelecendo um clima de segurança psicológica e de liberdade.

O professor/monitor deve ser imparcial, esclarecido e isento de qualquer tipo de juízo de valor ou conceito que limite ou atrofie o carácter eminentemente expressivo e comunicativo das actividades e valorizar os conhecimentos, experiências e vivências individuais que os alunos detêm;

A criança deve poder libertar-se, exprimir-se, dar livre curso à sua actividade criadora. Para tal devem-se evitar estereótipos ao nível da postura, do gesto, bem como memorizações excessivas ou desadequadas à idade, o recurso exagerado a ensaios e repetições, dado que a representação não é um fim em si.



ELEMENTOS BIBLIOGRÁFICOS:

SLADE, PETER – O Jogo Dramático Infantil, Summus editorial, São Paulo, 1978.
RYNGAERT, JEAN-PIERRE – O Jogo Dramático no Meio escolar, Centelha, Coimbra, 1981.
LEENHARDT, P. - A Criança e a expressão Dramática, Editorial Estampa, 1974.
SOUSA, ALBERTO B. – Educação pela Arte e Artes na Educação, 2º volume, Horizontes Pedagógicos, Instituto Piaget, 2003
MINISTÉRIO da EDUCAÇÃO –DEB(2001), Educação Artística, Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais

EXPRESSÃO PLÁSTICA
“ …Pois é! O pensamento sai pelas pontas dos dedos!.. “
7 anos (anónima) – Escola do Murtal


PRINCÍPIOS ORIENTADORES

A expressão plástica é um domínio da educação artística que envolve imagem, espaço, e comunicação.
São intenções gerais deste domínio educar a vista e a mão, suscitar capacidade de observação, desenvolver a imaginação, invenção, criatividade e memória e desenvolver e aperfeiçoar a sensibilidade estética.

Artes visuais, Artesanato, Comunicação por imagens, são exemplos de temas deste domínio que, em última análise deverá dotar as crianças duma competência pictórica.
A linguagem plástica nestas idades começa por ser expressão afectiva antes de ser figuração.

A imagem tem uma função simbólica, de representação e de expressão;
Isto implica que as crianças aprendam a dar expressão às suas ideias, às suas emoções, observações e vivências, de forma pessoal nos trabalhos que realizem.

Espera-se que as crianças aprendam a reconhecer e apreciar diferentes funções e significados das imagens no seu ambiente do dia a dia.

Espera-se também levar as crianças a assumir atitudes interessadas, rigorosas e pacientes, na procura de novas formas pessoais de expressão, a valorizarem a organização do seu próprio trabalho e a ter curiosidade e respeito face às produções dos outros e face às produções culturais, e terem prazer em desfrutar de tudo isso.

A importância da expressão plástica no desenvolvimento da vida pessoal e social da criança prende-se também com o facto de a imagem conter em si valores de diversa ordem: intelectual, estética, moral, afectiva, espiritual e religiosa, social e cultural.

Igual importância tem o enquadramento histórico e o entendimento da diversidade cultural, pela forma como estes influenciam os modos de expressão visual, com as convenções, ideologias, valores e atitudes que lhes subjazem.

É na medida em que o indivíduo está consciente de ser um ser vivo, sensível, único e criativo, que pode encontrar o seu papel na sociedade e contribuir para a sua evolução.

Neste campo, uma acção educativa apoiada em modelos pedagógicos abertos e flexíveis, que incluam a introdução de conceitos de comunicação visual, “novos modos de fazer e de ver”, e que não compartimente o cognitivo-racional e o afectivo-criativo, será o caminho ideal para possibilitar descobertas sensoriais numa atitude livre e criadora, como forma de despertar a imaginação, levando a criança a representar o mundo interior e também a realidade de forma plural.
Pretende-se que a criança seja o actor/construtor do seu percurso de aprendizagem e desenvolvimento de competências – a criança tem que fazer, criar, construir…

Para tal contribui uma metodologia que se fundamente em diferentes momentos: decisão, pesquisa, experimentação e realização.




Objectivo - Promover a capacidade de ver e sentir de forma múltipla e rica, e de utilizar a imagética como forma pessoal de comunicação e expressão, através da criação, experimentação e analise de obras.

Objectivos gerais

De ordem psicomotora, afectiva e cognitiva deverão permitir à criança:

PERCEBER - captar nas sensações obtidas no contacto com os seres e meio envolvente, as ideias que lhes permitem realizar as suas imagens

AGIR/FAZER - Colocar gestos espontâneos e precisos nas técnicas de transformação da matéria e adquirir noções de linguagem plástica através de exercícios base; representar, exprimir e simbolizar situações, através da linguagem plástica em realizações individuais e colectivas

RETROAGIR/Observar – Retirar a ideia da imagem, na sua realização plástica, na dos seus pares e nas obras de arte, por meio de palavras descritivas.


Seguem-se exemplos de possíveis conteúdos para cada uma destas etapas, sublinhando que não obedecem a uma ordem pré definida, podendo mesmo coexistir:

Percepção – descobertas sensoriais numa atitude livre e criadora, como forma de despertar a imaginação, levando a criança a representar o mundo interior e também a realidade de forma plural. Relacionar essas descobertas com as dimensões técnicas da produção plástica (ex: relação cor/ambientes emotivos, efeitos das cores, das texturas, reconhecimento das várias “dimensões do universo visual”: elementos de forma, etc. )

Acção – desenvolver a destreza manual, envolvendo-se na descoberta das formas, cores, materiais, dos planos e superfícies, volumes, etc.
Dominar os conceitos de: Linha, Cor, Superfície, Volume e Textura dos materiais.
Identificar elementos integrantes da expressão visual:
- Descriminar (formas, cores)
- Sentir ( conteúdos da imagem)
- Identificar (a representação)
Agir plasticamente (relacionamento, manipulação dos materiais e utensílios; aquisição e aplicação de técnicas artísticas, etc.)
Domínios de exploração: Matérias e Técnicas; Conteúdos; O Contexto.

Retroacção – pesquisar e procurar informação sobre a sua cultura e outras culturas; identificar elementos universais e comuns e elementos particulares de cada uma. Interpretar os significados expressivos e comunicativos nas diferentes obras, identificando/reconhecendo processos subjacentes à sua criação.
Conceitos:

▪ Desenvolvimento de competências no domínio da comunicação visual: ver, analisar e compreender imagens; (a imagem como fonte/veículo cultural)
▪ Reconhecimento da imagem enquanto função simbólica, de representação e de expressão;
▪ Desenvolver nos alunos a capacidade de expressão e comunicação através de várias formas pictóricas, estimulando-os a criar e observar as suas imagens, nas diversas dimensões possíveis (2 e 3 dimensões, suporte multimédia, etc.);
▪ Educação do olhar e do ver (estruturação do pensamento: identificação e análise critica das mensagens icónicas)
▪ Identificação e descodificação de mensagens visuais, interpretando códigos específicos; (intencionalidade de comunicação em diferentes meios/domínios expressivos)
▪ Conhecimento dos esquemas e símbolos através dos quais a expressão plástica representa as percepções;
▪ Desenvolvimento de competências de manipulação e exploração de diversos materiais e utensílios;
▪ Exploração do conceito de perspectiva;
▪ Compreensão e reconhecimento de elementos da forma
▪ Compreensão da natureza da cor e sua relação com a luz
▪ Desenvolver a discriminação em relação a formas e cores
▪ A imagem e a tecnologia de informação
▪ Articulação com outros domínios expressivos



Procedimentos

▪ Promover actividades que possibilitem descobertas sensoriais numa atitude livre e criadora, e que desafiem a criança a encontrar formas mais pessoais e inovadoras de experimentação e inovação;
▪ Proporcionar a realização de actividades diversificadas que impliquem conhecer e aplicar os elementos visuais (linha, cor, textura, forma, luz, cor e volume);
▪ Através de jogos de linhas, formas cores e texturas, a criança terá oportunidade de descobrir pelos seus próprios meios que muitas das técnicas que experimenta são também utilizadas em obras de arte moderna, desvendando assim o que parecia inacessível e está, afinal, ao alcance de todas as mãos- E.G.;
▪ Criar possibilidades técnicas e afectivas para que as crianças possam concretizar o que inventam;
▪ Experimentar a leitura de formas visuais em diversos contextos: pintura, escultura, fotografia, cartaz, banda desenhada, vídeo, cinema e Internet, etc.
▪ Contacto com as imagens disponíveis no património artístico, cultural e natural identificando os elementos visuais nelas contidos
▪ Explorar a imagem enquanto mensagem de comunicação
▪ Utilização de diferentes meios expressivos de representação
▪ Realização de produção plástica usando os elementos da comunicação e da forma visual
▪ Exploração de diferentes tecnologias de imagem na realização plástica
▪ Exploração e criação de formas a partir da sua imaginação utilizando intencionalmente os elementos visuais
▪ Exploração e observação da forma dos objectos consoante o ponto de vista


Atitudes

▪ Consciência das emoções e sentimentos que os sentidos suscitam e de com aqueles são informadores da natureza dos seres e das coisas que nos envolvem;
▪ Ter prazer em, através da linguagem plástica, tornar visível aos outros o que se tem “escondido” em si;
▪ Proporcionar gosto e prazer, desinibição e espontaneidade, em criar e observar as suas imagens;
▪ Desenvolvimento de um comportamento em relação ao trabalho onde sobressaiam a paciência, o rigor e o interesse;
▪ Valorização do seu trabalho e criação;
▪ Gosto em partilhar experiências, técnicas, descobertas, valorizando quer o seu trabalho quer o dos colegas;
▪ Expressar com gosto as suas ideias



Meios de Expressão plástica:

▪ Desenho (grafite, carvão, cor, giz, cera, marcadores, barra de cores, canetas, dedo/tinta de água, etc)
▪ Pintura (aguarela, têmpera, guache, cera, tinta da china, óleo, acrílico, esmalte, pastel, etc.)
▪ Modelagem (pasta de papel, massa de farinha com ou sem cor, plasticina, barro/argila, pasta de madeira)
▪ Mosaico (pedrinhas, restos de azulejos ou cerâmicas, papel, etc)
▪ Cerâmica (azulejaria)
▪ Vitral
▪ Gravura (esferovite, sabão, parafina, gesso, couro, madeira, lata, etc.)
▪ Material de desperdício
▪ Tecidos
▪ Tecelagem
▪ Recorte colagem
▪ Dobragem
▪ Escultura: talhe, modelação (barro, pasta de pastel, gesso, pasta de madeira, pedra, desperdícios, borracha, esponja, plástico, madeira, etc.)
▪ Colagem, materiais de desperdício
▪ Recorte/colagem
▪ Fotografia, cinema, vídeo, computador
▪ Técnicas de impressão (transparência, papel químico, carimbagem, decalque, stencil, ”pachoir”, “frottage”, monotipia, etc.)




Exemplos de abordagem transdisciplinar: as formas, volumes, tamanhos (matemática), mistura de cores (ciência, estudo do meio), figura humana: plano tridimensional, escala, tamanho real, etc.

NOTAS:


▪ Deixar que a criança desenvolva a sua própria técnica através da experimentação;

▪ Compreender que as percepções de criança, a respeito da arte, são diferentes das do adulto;

▪ Articular com o que é desenvolvido em tempo curricular, de forma a que se proporcionem espaços e tempos de facto enriquecedores para as crianças.

▪ É importante observar o conteúdo emocional e sentimental do trabalho das crianças, e não o lado subjectivamente “bonito” do mesmo.


Ao pretender vincular a criança a uma trajectória artística respeitando a sua autonomia e personalidade, pressupõe, da parte do professor/monitor, a criação de condições favoráveis ao desenvolvimento deste processo, estabelecendo um clima de segurança psicológica e de liberdade.
O professor/monitor deve ser imparcial, esclarecido e isento de qualquer tipo de juízo de valor ou conceito que limite ou atrofie o carácter eminentemente expressivo e comunicativo das actividades.
Sempre que possível, articular este domínio com os restantes domínios da área de expressões e com os conteúdos das disciplinas curriculares e transversais, proporcionando espaços e tempos de facto enriquecedores para as crianças e na perspectiva dum desenvolvimento global e integrado do indivíduo.
A dança, a música, as artes plásticas, a poesia/escrita criativa, a dramatização, o jogo, são modalidades que abrem vias para o conhecimento de si e do mundo. São formas de comunicação que decorrem dos sentidos, articulados com um saber e um saber-ser e permitem ao indivíduo relacionar-se: consigo, com o mundo e sua realidade subjectiva.


Elementos Bibliográficos:

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WATT, Fiona – Le Grand Libre de L’artiste en Herbe, Édition Usborne, Paris-Louvre 2004

MINISTÉRIO da EDUCAÇÃO –DEB(2001), Educação Artística, Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS


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DUBORGEL, Bruno (1992), Imaginário e pedagogia. Lisboa: Horizontes Pedagógicos, Instituto Piaget
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WASSERMANN, Selma (1990), Brincadeiras Sérias na Escola Primária. Lisboa: Horizontes Pedagógicos, Instituto Piaget (1994)


FICHA TÉCNICA


Capa …………………… Cabaça: Marina Palácio in “O tratado do Esquecimento”
Concepção gráfica: Ana Gago


Separadores …………..1 – Dança: Kandinski
2 – Música: Miró, Música do crepúsculo V
3 – Drama: Miró, Mulher diante do Sol
4 – Plástica: Miró, Personagem com três pés

Quem Somos Nós?

Este é o primeiro tópico do nosso blog, Quem somos nós?

Neste espaço pretende-se que cada um fale acerca de si e da experiência profissional desenvolvida até aqui!

Deixem-nos os vossos cometários, experiências, frustações, utopias, conquistas ... é a forma de participarem no blog.